Psicóloga financeira formada em Psicologia pela USP a mais de 30 anos.
Vamos resumir o endividamento em duas palavras – e a primeira é… MEDO.
Existem vários níveis de medo – os mais inconscientes e os mais explícitos.
Por exemplo, existe o medo em forma de rubor, que é o medo de ser visto, percebido, avaliado. Mas existe também a vergonha, que é o medo que dá ao sermos flagrados por algo errado ou condenável que fizemos ou que estamos fazendo. A própria ansiedade também é um tipo de medo – é o medo do futuro, uma insegurança básica em relação à vida. Existe também o pânico, que é a sensação de aniquilamento eminente. Existem ainda outros tipos de medo, como ensina a Psicologia Tomista, mas estes citados já são suficientes para o nosso tema.
Podemos dizer que o endividamento e a falta de dinheiro podem gerar esses vários tipos de medo: desde o desconforto de que notem nossas dificuldades financeiras até a vergonha mesmo, como se essa situação fosse fruto de um erro moral ou de alguma falha grave de nossa parte. E mesmo pode-se viver um intenso pânico diante de perdas financeiras significativas ou de endividamento, uma sensação parecida com estar diante de um predador, de uma grande ameaça da qual não temos como escapar.
Todas estas emoções, obviamente, nos causam impacto tanto físico como psicológico.
Se a situação permanece assim, acabamos entrando num estado de estresse contínuo e prolongado: perdemos a capacidade de concentração e foco, o sono “vai pras cucuias”, surgem distúrbios alimentares, depressão, haja roer unhas e/ou cair cabelos, passamos a brigar com todo mundo, a literalmente ranger os dentes (que começam a quebrar) – enfim… é o caos, que vai contaminando tanto a relação com a família quanto o ambiente de trabalho.
Entra então a outra face do problema: é muito difícil pensar e raciocinar com clareza quando estamos com medo ou estressados. As ideias não fluem, não conseguimos buscar informações com clareza, a criatividade some.
Endividamento tem solução? Claro que tem!
E agora vem a 2a palavra para “endividamento”: ESTRATÉGIA.
Uma boa estratégia consegue virar a situação! Mas para defini-la é preciso raciocinar, pensar em alternativas, conhecer bem o histórico da própria dívida (origem, taxas envolvidas, prazo, valores já pagos), assim como o estilo de vida que se quer em comparação com aquele que se pode ter. E, mais que tudo, certamente é preciso OLHAR PRÓPRIO COMPORTAMENTO para localizar o que tem causado tamanha confusão financeira.
Via de regra, nessa situação encontramos motivações inconscientes relacionadas à falta de autoestima, à vontade de reconhecimento e de aceitação, vaidades, sentimentos de culpa, raiva, competições veladas (ou não!), falta de clareza em relação às próprias prioridades, um otimismo ingênuo que acaba virando descuido – e muitas coisas mais. O fato é que o medo de olhar a questão de frente piora tudo.
Cada pessoa precisa entrar em contato com sua história e suas motivações para que, além de “apagar o incêndio” das dívidas, consiga entender o que as tem causado. Sim, o que as tem causado porque um endividamento normalmente tem uma história de endividamentos, de decisões que são provocadas por uma determinada situação emocional conhecida e recorrente – tipo armadilha, mesmo, na qual caímos de novo e de novo…
É aqui que a Psicologia do Dinheiro pode ajudar – e muito. Olhando honestamente as decisões financeiras que acarretaram o endividamento, podemos resgatar dentro de nós uma criança assustada, ferida, onde o sentimento de solidão, ou a ansiedade, ou a baixa autoestima (ou outros) vem sendo “disfarçado/a” com o uso do dinheiro de modo fantasioso, pouco realista, engatilhado no prazer imediato que as compras e a pseudo autonomia podem causar. Mas é claro que a fome de amor não passa com compras, nem com jantares requintados, nem com viagens… O cerne do problema continua lá, crescendo na mesma velocidade que as transações financeiras digitais.
Como psicóloga, faço essa “viagem interior” junto com a pessoa que quer se emancipar disso tudo, ajudando para que saia da situação de submissão aos gatilhos mentais e emocionais tão devastadores, para uma situação de autocuidado e de respeito para consigo mesma.
E então, é claro, fica muito mais fácil lidar com as negociações e com a organização das finanças, para colocar o jogo das emoções e do dinheiro a seu favor.
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